Esplendor e Engano
Isa Duarte Ribeiro | Membro PIN , Pureza Oliveira
Fundação Oriente
Lisboa
Inaugura dia 8 de Outubro às 18h30
Patente até 2 de Novembro
_Esplendor e Engano_ é um pequeno tributo de Isa Duarte e Pureza de Oliveira aos artesãos e artistas desconhecidos que as deixaram sonhar com o maravilhoso produto das suas mãos, numa viagem que tornaram pessoal e íntima, a partir de alguns tópicos que lhes pareceram fundamentais.
Organizada pela 8 Séculos de Língua Portuguesa-Associação, em parceria com o Centro Nacional de Cultura e a Fundação Oriente, no âmbito das Comemorações dos Oito Séculos da Língua Portuguesa, a exposição é uma homenagem à _Peregrinação__ _de Fernão Mendes Pinto, que este ano celebra 400 anos de publicação.
Isa Duarte Ribeiro e Pureza Oliveira procuraram utilizar elementos evocativos de alguns dos lugares descritos por Fernão Mendes Pinto, quer nas jóias, nos objetos ou nas sedas. Baseando-se não só no universalismo humanista do Renascimento e na sua leitura hagiográfica ou anti-hagiográfica, como, e sobretudo, na ideia do espaço imperial do Oriente, detendo-se no hipotético julgamento do mundo cristão, refletido no espelho do Outro, numa espécie de guia dos mares então sulcados e dos seus joguetes da Fortuna, as autoras embarcaram nessa aventura sempre reinventada, em que os vértices são a Aventura, o Amor, o Mar, a Viagem, a Saudade, o Oriente, o Esplendor e o Engano.
Dado que no relato a alusão a peças de joalharia é quase nulo, Isa Duarte Ribeiro imagina objetos que poderiam ter existido, como um presente de casamento do rei Jantana para a rainha de Aaru, passando por peças de uso pessoal da rainha, ou objetos alusivos a várias passagens das estórias. Usando uma linguagem plástica mais metafórica, a artista serve-se de materiais como prata, ouro, marfim, madre pérola, aljôfas, âmbar, rubis e ainda outros como ferro, madeira, osso, sementes e fio de cânhamo. São peças ligadas à fantasia que pretendem homenagear Fernão Mendes Pinto e não reconstituir um tempo histórico.
Por sua vez, Pureza Oliveira dedica uma peça de seda pintada à mão a cada uma daquelas paragens, tendo como
objecto de inspiração umas calças de cerimónia tecidas pelo povo Dorze, da Etiópia, o manuscrito de uma bíblia copta e uma cruz etíope do século XIII; um fragmento de tiraz iemenita decorado a folha de ouro saído de um tear no século X, e a elegância e precisão da escrita slâmica; um xaile do Rajastão, uma página do Rigveda, um padrão de botehs; uma garça que grita voando sobre o céu azul de esmalte de um tabuleiro Ming; um kimono Momoyama decorado com parras e folhas douradas e a terra ondulando a folha de ouro dos biombos namban, por entre as águas negras das ilhas do Japão
As comemorações dos oito séculos da língua portuguesa estão a decorrer desde maio e prolongam-se até 10 de Junho de 2015 numa homenagem às literaturas em língua portuguesa.
Recorde-se que o Testamento de D. Afonso II, datado de 27 de Junho de 1214, avulta entre os primeiros documentos escritos em língua portuguesa, sendo mesmo seu referencial.
+ info:
Fundação Oriente
Av. Brasilía, Doca de Alcântara, Lisboa
www.museudooriente.pt