The Dance of the Peacock
Exposição resultante de um trabalho de investigação de Tereza Seabra | Membro Honorário PIN
Museu do Oriente
Lisboa
Inaugura a 16 Abr às 18h30
A exposição estará patente até dia 14 de Junho.
Reza a lenda que, quando no século XV os muçulmanos atacaram o reino de Warangal (1424-1425) e destronaram a dinastia regente, a deusa Danteshwari Mai prometeu ao príncipe Annam Deo outro reino se a seguisse para outras paragens. Impôs como condição que o príncipe caminhasse à sua frente, deixando-se guiar por ela sem nunca se voltar para trás. Todo o caminho percorrido faria parte do reino prometido. Annam Deo assim fez, atento ao som das pulseiras que a deusa trazia nos tornozelos. Chegaram finalmente à confluência dos rios Sankini e Dankini e na travessia do rio, Danteshwari parou para limpar a areia que entrara nas pulseiras. Ao deixar de ouvir o som das pulseiras da deusa e temendo que esta o tivesse abandonado, Annam Deo voltou-se para trás. Danteshwari, zangada com a desobediência dele, anunciou-lhe que aquele seria o limite do seu reino e, de acordo com o desejo da deusa, Annam Deo construiu-lhe uma casa exactamente nesse local.
Ao abrigo de uma bolsa da Fundação Oriente e na continuidade de um trabalho de investigação iniciado em 2004, a joalheira Tereza Seabra empreendeu em 2012 uma viagem de pesquisa de três meses à Índia. Esta viagem permitiu um olhar abrangente sobre as principais tribos dos Estados de Chhattisgarh (região de Bastar) e de Orissa (distritos de Koraput e Rayagada), e das suas jóias, não só sob o ponto de vista técnico e formal, mas também no seu contexto sociocultural e religioso. No decorrer desta investigação, observou em primeira mão a forma como a vida se organiza, desde tempos imemoriais, em torno dos locais do quotidiano, como é o caso dos mercados, bem como dos rituais, objectos e lugares de culto.
A exposição THE DANCE OF THE PEACOCK reflecte a enorme riqueza humana e artística deste território cultural, onde se cruzam costumes e tradições ancestrais, que se traduzem em criações singulares, quer em termos da técnica dhokra, quer da riquíssima joalharia que aí se encontra. Entre as cerca de 250 peças em exposição contam-se jóias de diversas tipologias (brincos, argolas de nariz, pulseiras, colares, entre outras) em prata, latão e bronze, objectos de culto, têxteis e fotografias da autoria de Tereza Seabra. Este impressionante acervo tem vindo a ser constituído desde 2004, no decorrer de viagens pelo território e numerosos contactos com as comunidade locais.
Face à marcha inevitável do progresso, este universo encontra-se em profunda transformação, adivinhando-se que em breve fará parte da memória de quem o puder e souber recordar.
Fruto de um projecto de pesquisa, recolha e registo, esta exposição é assim um trabalho de memória futura.
+ info:
www.museudooriente.pt
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