On the Other Hand
Joalharia Contemporânea
5º Aniversário da PIN
2º apresentação
Galeria Adorna Corações
Porto
Inauguração dia 7 Novembro pelas 16h
Até 30 de Novembro 2009
A exposição On The Other HAnd que a Adorna Corações apresenta no próximo
dia 7 de Novembro, tem a curadoria de Paula crespo (galeriareverso) e
Miguel Matos e Elsa Garcia ( Revista Umbigo), e iniciou o programa de
actividades comemorativas do 5º aniversário da PIN- Associação Portuguesa
de Joalharia Contemporãnea. A exposição que agora inaugura é uma
itinerância e teve a sua estreia na galeria Reverso em Lisboa.
resultante de um desafio lançado a todos os associados da PI, sobre o tema
Cinco dedos Uma Mão, a exposição reúne peças de 12 artistas nacionais,
seleccionados pela Reverso e Umbigo, de entre 24 concorrentes.
Como artistas convidados figuram o joalheiro Catalão marc Monzó, os
artistas plásticos Rui Effe e Carla Gaspar/Filipe Rego(Ciclope), bem como
Tereza seabra e Filomeno, sócios honorários da PIN.
Follha de sala por Miguel Matos:
On the other hand...
Se a jóia é aquele objecto que só faz sentido em relação com o corpo, é
com o corpo que ela é criada. É sempre uma mão que manipula a energia da
matéria que, em última análise, dita como se deixa moldar. É sempre
através de 5 dedos de cada mão que um anel irá parar a um outro dedo, um
alheio dedo que lhe servirá de destino. 5 dedos de uma mão que serviram
de metáfora para um desafio e que, por outro lado, se mostram agora.
São cinco os anos de caminho percorrido pela PIN, Associação Portuguesa
de Joalharia Contemporânea. Cinco anos agora comemorados numa celebração
em forma de exposição colectiva num ano que marca o início de muitos
desafios que é preciso vencer. A exposição On The Other Hand tem a sua
génese no convite que a associação dirigiu aos seus membros. A ideia foi
partir da metáfora da mão como corpo, como símbolo, como número até. O
lema inicial, 5 Dedos, Uma Mão congregou um conjunto de propostas de
artistas joalheiros, seleccionadas, contextualizadas e agrupadas pelos
curadores Paula Crespo (Galeria Reverso), Miguel Matos e Elsa Garcia
(Revista Umbigo).
Exposição heterogénea por natureza, apenas por mero acaso as diferentes
obras dos diferentes artistas joalheiros encontram pontos em comum entre
si.
A mão como instrumento. Instrumento de investigação, instrumento de
manipulação, de plantação, de evolução. É o caso de Leonor Hipólito numa
vertente laboratorial ou de Alexandra Serpa Pimentel e Filomena Praça,
numa evocação da natureza e da intervenção humana na mesma.
A mão como proporcionadora de prazer, sexual e não só, como nas propostas
de Filomeno e de Ana Albuquerque.
A mão como arma, como delicada ferramenta de sedução ou agressão, nas
obras de Manuela Sousa ou Paula Madeira Rodrigues.
Alguns autores decidiram enveredar pelo algarismo que conta os anos e os
dedos. 5. Marc Monzó demonstrou que o minimal pode ser soberbo com um
símples e minúculo número. Filomena Praça parte do 5 para um objecto
orgânico de cariz ritual. Teresa Seabra evoca um amuleto para cada dedo e
Madalena Avelar trabalhou o mesmo conceito num universo simbólico,
feminino e delicado. Dulce Ferraz optou ela também pela numeração e
marcou a presença física com um material translúcido como sombras
encerradas em prata.
Catarina Dias e Inês Nunes vincaram as marcas do corpo pelas marcas da
mão. A identidade como questão e afirmação num gesto de gravar o “eu”
numa chapa – o dedo indicador de Inês Nunes. A forma de um puxão feito
com os dedos, no molde dessa força captada em silicone por Catarina Dias.
A mão como geradora de cinética, no pião de David Pontes e no vídeo de
Rui Effe que nos mostra uma dança de positivo/negativo,
feminino/masculino com as palavras e a música encantatória de “My
Consequence”.
Também Cristina Filipe seguiu a opção menos óbvia do vídeo numa poética
sucessão de imagens obscuras mas geradoras de luz, seguindo a mão como
sua portadora.
Finalmente, aludindo ao uso da jóia, mas salientando a sua ausência, as
fotografias em 3-D de Carla Gaspar e Filipe Rego impressionam pelo
realismo conseguido através da técnica e pela ironia transportada por
gestos quotidianos que, descontextualizados, ganham força.
5 anos e muitas jóias. Muitas mãos as fizeram.
Mas o que significam 5 anos e o que é afinal uma jóia?
Miguel Matos