Um dialogo entre desenho e joalharia
Mirla Fernandes
Brasil
Agosto 2010
Tenho a tendência de procurar parâmetros de outras disciplinas quando observo um trabalho de arte-joalheria. A relação com o desenho me fascina particularmente (veja o curso ao lado e reserve sua vaga).
Quando encontro um artista que a meu ver trata esse tema, isto me interessa porque encontro outras maneiras de resolver as questões que estou sempre me perguntando a respeito da interação bidimensional/tridimensional.
É esse o caso de Hena Lee. Em 2009, Hena participou dos workshops do NOVAJOIA com Ela Bauer (outubro, 2009) e Karin Seufert e Tore Svensson (novembro, 2009). Desde então, iniciou uma nova etapa em seu trabalho, passando a desenvolver um peças que, a meu ver, dialogam com o desenho.
A mudança iniciou-se a partir de um questionamento sobre sua identidade. Os materiais escolhidos iniciais se referiam à cultura coreana, da qual descende: gergelim, pó de pimenta, hashis.
Os hashis inicialmente em sua cor natural, foram pintados de preto e começaram a trazer uma qualidade gráfica muito forte ao trabalho.
O desenrolar da recente pesquisa está amplificando essa qualidade gráfica.
A linha espessa e dura do hashi pouco a pouco cede lugar à linha leve e flexível do fio de algodão. A linha que até então funcionava como elemento unificador dos pedaços de hashi pintados, começa a aparecer e ganhar espaço na composição.
A cor quando aparece é pontual.
O domínio do preto, como diria Frutiger, age removendo a luz, enfatizando o espaço do entorno, ativando-o. Vemos nessas peças desenhos que avançam no outro eixo, estabelecendo um diálogo interessante entre a linha e o espaço.
Hena Lee é uma das artistas brasileiras selecionadas para expor na Think Again em Outubro no MAD, NY.
Mirla Fernandes, Agosto 2010