Fernando Mascarenhas
[12º Marquês de Fronteira n.1945-f.2014]
Partiu numa recente madrugada. Deixou-nos em silêncio com a alma fechada, esvaziados daquela plenitude que o seu convívio nos trazia. Prosseguiu a sua viagem de charme e de esplendor com o sentido do serviço aos outros, à sua casa e família e à sua Pátria. Definir em poucas linhas o Fernandinho, como ele era tratado pelos amigos, é muito difícil. Pode todavia exaltar – se a figura de Príncipe das Artes, das Letras e da Música, do Património e da Cultura. Foram-lhe surgindo ao longo dos anos os mais variados temas, os quais foi serena mas conscienciosamente tratando através da criação dos mais diversos programas culturais que se foram sucedendo no último Salon do Século XX/XXI.
(…)”Vivi o 25 de Abril como homem de esquerda, e como administrador do património das Casas de Fronteira e Alorna. Vivi-o dos dois lados. Não foi fácil, mas foi fascinante." (...). Foi um homem de Liberdade, de cidadania e um Senhor, em todos os momentos e situações. Faz-nos falta a sua opinião, o seu humor, a sua graça e a sua cultura. Como já alguém disse o nosso património cultural está de luto.
Fernando Mascarenhas era membro da PIN e um Joalheiro. Muito embora tivesse sido professor de Filosofia na Universidade de Évora, é como autor de jóias que se vem a afirmar. Faz esta descoberta profissional um tanto tardiamente e de forma acidental, prosseguindo uma atividade a que a sua mãe também, se dedicara. A facilidade na execução do colar que tantas vezes vira fazer e a satisfação que teve na manufatura de uma primeira peça constituíram o mote para se dedicar à arte da joalharia.
O imprevisto abriu a janela da tradição artística da mãe: a Maya, e voltou a surgir o ateliê de Benfica. Os colares foram acontecendo, parecendo interessante lembrar que as séries preparadas para cada mostra obedeceram a intenções diferentes, tendo realizado diversas exposições no seu Palácio de Bemfica e em galerias de Lisboa e do Porto.
A criatividade e a busca constante de novos materiais executados em prata ou em pedras conhecidas como semipreciosas constituem uma das facetas mais características da obra de Fernando Mascarenhas. Com efeito, o nosso amigo joalheiro brinca com os componentes que incessantemente pesquisa na net, adquirindo através do seu computador um grande número de novos produtos das mais diversas origens, podendo dizer-se como toda a veracidade que é um artista da nova e atual sociedade global.
Madalena Braz Teixeira
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Fernando Mascarenhas
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CV
Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da U. L.. Entre 1979 e 1988 foi Assistente do Departamento de História e Línguas da Universidade de Évora. Instituiu a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna em Junho de 1989, que mereceu o estatuto de “utilidade pública” em Fevereiro de 1991. Preside à mesma desde a criação da sua Comissão Instaladora (1987), sendo também o responsável pela respectiva programação cultural, no âmbito da qual organizou numerosas actividades, com particular incidência no âmbito da História da Arte, da História e Literatura, bem como sobre temas ligados à Filosofia e ao Restauro. Em 1994 foi condecorado com a Comenda da Ordem da Liberdade. Autor de várias conferências e comunicações no âmbito da História, História da Arte e Património. Autor de Sermão ao Meu Sucessor, Edições Dom Quixote, 2004 e, em colaboração com George Marcus, Ocasiao, Altamira Press, 2005. Anfitrião do Programa “Travessa do cotovelo” da RTP2 nos meses de Março, Abril e Maio de 2000.
Em 2007 faz o seu 1º colar; em Junho de 2008 a primeira exposição de jóias; desde então tem feito cerca de 3 exposições por ano em locais como o Palácio Fronteira, a Galeria Diferença, a Oficina Miguel Costa Cabral (Porto), o Centro de Artes e Cultura (Ponte de Sor).